3ª Guerra Mundial, momento de calmaria
Mesmo diante de um aparente momento de calmaria, possíveis
causas de uma Terceira Guerra Mundial continuam sem solução.
Após a instabilidade causada pelo acirramento do conflito
entre Israel e o Hamas, surge uma aparente calmaria no panorama político. Pelo
noticiário internacional temos a impressão de que os problemas foram todos resolvidos.
Uma análise mais profunda revela um turbilhão de problemas que continuam se
contorcendo sob a calmaria da superfície.
A invasão israelense à Faixa de Gaza, que muitos viram como
uma possível etapa de um ataque ao Irã, não ocorreu. Um cessar-fogo
providencial salvou os palestinos e tranquilizou os israelenses. A Terceira
Guerra Mundial, que bem poderia ser a conseqüência de um acirramento deste
conflito na Palestina, agora parece um pouco mais distante, mas não
distante o suficiente para qualquer forma de comemoração.
Na Síria nada mudou, apenas o número de mortos cresce a cada
dia. Rebeldes revolucionários, mercenários e tropas do ditador Bashar al-Assad estão
em choque há semanas, destruindo bairros residenciais e centros comerciais das
principais cidades. Seja qual for o
resultado dessa guerra, a Síria foi reduzida a um monte de escombros e
certamente estará sem dinheiro para reconstruir. Estruturas históricas de cidades
como Damasco foram seriamente danificadas.
No Egito a Fraternidade Muçulmana começa a mostrar sua face
que a mídia internacional fez questão de esconder durante a cobertura da
chamada “Primavera Árabe”. O democrático presidente Mohamed Morsi aproveitou a
imagem de “conciliador”, que conseguiu intermediando a paz entre Israel e o
Hamas, e tenta fazer com que todas as suas ações sejam consideradas necessariamente constitucionais, sejam elas quais
forem.
Os iranianos, por sua vez, continuam divulgando seus
progressos na física nuclear e na propulsão de foguetes, e quando alguém liga
um fato ao outro e desconfia das suas reais intenções, ficam irritados. Ao mesmo
tempo espalham cálculos e previsões sobre os altíssimos custos de um eventual
ataque às suas instalações nucleares. Muito além do dinheiro necessário para
uma operação como essa, que pode envolver até 31 alvos, os iranianos incluem
nesta conta os danos à imagem de Israel e aliados, os custos diplomáticos, os
prováveis boicotes comerciais e também os atentados terroristas, que certamente
serão cometidos em vários cantos do mundo como represália a um ataque ao Irã.
Em uma postagem anterior estranhei a posição da Turquia, que
continua incerta devido à ambiguidade dos seus líderes, o que não vem a ser
novidade, nem na Turquia nem em lugar nenhum nestes dias macabros. O xadrez das
relações diplomáticas internacionais está muito confuso. Várias mudanças
importantes ocorreram nos últimos anos e os poderes se alteraram, ao menos em
sua parte “executora” e visível. Parte deste poder ainda não decantou e a água
permanece turva. Novos líderes assumiram
o comando de países com intensas relações com a Europa, como Líbia e Egito, e a crise dos europeus que tende a se intensificar em 2013 deve deixar tudo ainda mais
confuso.
A reeleição de Obama o coloca em uma posição mais confortável
e isso pode aproximar os EUA da China e da Rússia, o que o levará a uma
dependência diplomática menor de países periféricos como Turquia, Índia, Egito
e até mesmo o Brasil. Essa mudança de foco pode facilitar a consolidação da
Fraternidade Muçulmana não apenas no Egito, mas em outros países islâmicos, o
que vai dificultar ainda mais um eventual ataque ao Irã por parte de Israel,
cada vez mais isolado.
Nestas semanas de tranqüilidade superficial, quem saiu
perdendo foi Israel, que após mais uma resolução contrária na ONU se viu
obrigado a liberar a construção de mais 3.000 casas para proteger seu
território, ato pelo qual foi moralmente condenado por toda comunidade
internacional, inclusive pelos EUA.
Pensando bem, Mahmoud Abbas foi quem mais ganhou. Quando
parecia que estava perdendo a liderança, eclipsado pelo Hamas, que ficou mais
evidente durante o conflito, tirou uma carta da manga e surpreendeu muita
gente, inclusive este que vos escreve.
Não podemos esquecer que a maré recua antes de um tsunami.
3 comentários:
E,bora a imprensa brasileira relute em se aprofundar nos assuntos de política internacional, repetindo as agências internacionais sem qualquer pesquisa, creio que você está certo na interpretação dessa "calmaria" com relação a uma possível terceira guerra mundial;
o mundo fica cada dia mais estranho, como você escreveu em outra postagem.
Fortes abraços e recomendações de Macapá.
ass: Julio Sisneiros
A COISA TÁ ESTRANHA MESMO
não concordo totalmente com sua análise, acho melhor prestar atenção ao irã e à turquia, como na postagem anterior a essa. - continue, seu site está magnífico.
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