Doutor, o que devo comer?

Acabo de completar 40 anos, e durante minha vida já assisti a classe médica comprovar, com teorias inquestionáveis e métodos infalíveis, que o ovo fazia mal para a saúde do ser humano. Logo depois, a mesma classe superior e sábia comprovou que na verdade o ovo não fazia mal à saúde, o que fazia mal era o vinho. E também o azeite. Mais tarde, com base em fundamentos extremamente sólidos e argumentos irrefutáveis, declararam que o açúcar - meu Deus do Céu! - é um perigo assustador. Comer uma jujuba passou a ser um sacrilégio e os doutores acharam melhor indicar para seus pacientes adoçantes cancerígenos que matam neurônios e provocam leucemia e linfoma em ratos. Como são sábios, logo perceberão sobre isso... E os prejudicados? Ora, os prejudicados devem entender que a nobre ciência precisa de cobaias para testar sua sabedoria.

 Quanto tempo vai demorar para exaltarem os benefícios do açúcar refinado e condenarem, sei lá, o chuchu?
Parece brincadeira, mas damos a esta classe profissional o status de líderes sagrados da civilização, de seres supremos cujos erros de interpretação, de cálculo e até mesmo históricos são perdoados e aceitos para, logo em seguida, embarcar em outra teoria cuja credibilidade está, como sempre, fundada unicamente na sua irrefutabilidade. É o que a garante de pé.
Para que fique claro, incluo aqui médicos, farmacêuticos e professores universitários, mas condeno principalmente os formadores de opinião dentro das grandes universidades, os diretores científicos das grandes farmacêuticas, os editores científicos e os acadêmicos com alcance de mídia e cujas recomendações acabam por influenciar as condutas de toda sociedade de forma compulsória. Os primeiros apenas repetem seus ídolos. O segundo grupo é mais perigoso exatamente por isto. 
Os médicos, e cientistas em geral, são profissionais como todos os outros, cada um especializado em sua área e com funções que se complementam para formar a sociedade. Não cabe a nenhuma classe profissional o direito de definir a conduta de toda sociedade baseando-se em teorias que podem estar erradas, como a História já mostrou diversas vezes.

O Chupim

O Molothrus bonariensis, mais conhecido no Brasil como chupim (ou ainda pelos nomes de anu, anum, arumará, azulão, azulego, boiadeiro, brió, carixo, catre, chopim-gaudério, corixo, curixo, corrixo, corvo, engana-tico, engana-tico-tico, gaudério, godério, godero, gorrixo, grumará, iraúna, maria-preta, negrinho, papa-arroz, parasita, parasito, pássaro-preto, uiraúna, vaqueiro, vira, vira-bosta e vira-vira) é uma ave passeriforme da família Icteridae. Possui um canto suave e melodioso, e é famoso pelo habito de colocar seus ovos no ninho de outras aves, para que as mesmas possam chocá-los, criá-los e alimentá-los.

Qualquer semelhança com os novos bolsistas, com nossa classe artística, com nossos políticos ou com a imprensa financiada por meio de anúncios estatais, será mera coincidência.

Imaginação e Inteligência


Aristóteles nos ensinou que a memória não trabalha diretamente com os dados sensíveis da realidade, e sim com os elementos que ficaram gravados na imaginação. Como a nossa mente usa os dados da memória para raciocinar, parece-me evidente que expandir a imaginação é o caminho mais adequado para aperfeiçoar a inteligência.

A seleção das impressões com que “alimentamos” a nossa imaginação é, portanto, uma das mais importantes tarefas, não apenas para quem pretende seguir uma carreira intelectual, mas também a todos humanos que desejam valorizar sua capacidade cognitiva.

Expandir a imaginação significa conhecer mais e mais possibilidades humanas, significa preparar o intelecto para a realidade. Nesta lógica, a quantidade e, principalmente, a qualidade das histórias que ouvimos, lemos ou vemos são fatores fundamentais.  Não é por outro motivo que desde a Antiguidade a literatura, o teatro e a tradição oral foram tão apreciados por todos os sábios.

Selecionei um trecho que deve jogar luz sobre essa questão.

A mente humana é constituída de tal forma que não consegue raciocinar senão sobre símbolos acumulados na memória -- jamais diretamente sobre os dados sensíveis, exceto na medida em que a forma deles coincida com a de algum símbolo prévio. Os símbolos, por sua vez, provêm dos dados sensíveis, mas não em linha direta: é preciso um longo e complicado processo de acumulação, filtragem e síntese imaginativas – inconsciente ou semiconsciente na sua maior parte – para que a infinidade de elementos colhidos pelos sentidos se organize numas quantas formas estáveis. São estas formas que, condensadas em nomes ou em qualquer outro tipo de sinais reconhecíveis, constituirão a matéria-prima do “raciocínio”. Este, portanto, só se refere a alguma “realidade” de maneira secundária e indireta, isto é, através das evocações que os nomes sugerem à memória e à imaginação.
Olavo de Carvalho (www.olavodecarvalho.org)

Primeiros Passos - Parte 3

Nas duas primeiras partes eu indiquei alguns conteúdos que julgo importantes para formar uma base que permita absorver de forma organizada os conhecimentos futuros. Nesta postagem indico dois livros e um artigo que vão funcionar como ferramentas na busca pelo conhecimento e no desenvolvimento da inteligência.

1 - Leia A Arte de Ler (How to read a book) - Mortimer Jerome Adler
Nesta obra magnífica, Mortimer Adler ensina a diferenciar os vários tipos de leitura, a aproveitar melhor o conteúdo estudado, a buscar o essencial dentro de cada obra e a disciplinar a busca pelo conhecimento. Muito mais que um livro sobre como ler livros, uma aula magna sobre a intelectualidade. Link para baixar o livro A Arte de Ler em pdf

2 - Leia A Vida Intelectual - A. D. Sertillanges
Este livro é  na verdade um curso rápido para aprimorar o estudo e organizar o conhecimento. Uma obra bastante didática, que orienta de maneira simples e direta. Este livro é um legado, deixado por um homem que dedicou sua vida à busca pela sabedoria e à prática intelectual, um dos maiores clássicos dedicados ao estudante sério. Link para baixar o livro A Vida Intelectual em pdf

3 - Leia Aristóteles: Os Quatro Discursos - Olavo de Carvalho
Olavo de Carvalho já deu muitas contribuições para a filosofia: Paralaxe Cognitiva, Tripla Intuição, Contemplação Amorosa entre outras. O livro Aristóteles em nova perspectiva, de onde saiu este primeiro capítulo, é um trabalho que ficará para a posteridade. O filósofo brasileiro encontrou uma estrutura interna na obra de Aristóteles, que não apenas torna mais inteligível a obra do maior filósofo da história, como também oferece uma "ferramenta" muito eficiente para verificar o grau de veracidade dos conhecimentos que adquirimos. Link para o capítulo Aristóteles: Os Quatro Discursos

Errando e aprendendo - Olavo de Carvalho

Recebo diariamente dezenas de perguntas de alunos, leitores e ouvintes, e tento responder a quantas posso, mas em geral recuso todo pedido de orientação religiosa, quando mais não seja porque não considero que eu mesmo seja o protótipo do sujeito orientadíssimo nessas questões. Há, no entanto, uma regra de interpretação bíblica – portanto, de moral religiosa também – que decorre da natureza mesma da linguagem e que ninguém em seu juízo perfeito pode negar, embora muitos a neguem na prática sem percebê-lo.

Não aprendi essa regra com ninguém, nem decerto fui o primeiro a descobri-la: depois de ter andado por inumeráveis cabeças de crentes ao longo dos milênios, ela acabou por aparecer na minha, espontaneamente, uma certa manhã, depois de eu ter rezado durante meses a Nosso Senhor Jesus Cristo para que tornasse as Suas palavras mais inteligíveis a um jumento como eu. Tenho portanto minhas razões para acreditar que Ele mesmo, sem que eu o notasse, programou o meu cérebro para aceitá-la. Aos santos, profetas e iluminados, Deus fala em voz alta ou em sonhos. Os burros e teimosos da minha espécie só aprendem em estado de sono profundo, quando repousamos totalmente inconscientes e indefesos entre os braços do Senhor, como as criancinhas, e, por momentos, sem qualquer mérito da nossa parte, desfrutamos de um privilégio a elas reservado. Tenho seguido essa regra há anos, e infalivelmente ela me torna as coisas cada vez mais claras, tanto na decifração de trechos da Bíblia como na resolução de perplexidades da vida. No mais, ela é tão natural e óbvia que só não a seguem os que jamais se deram conta dela.

Como geralmente acontece com as verdades mais simples, aquilo que é percebido num relance intuitivo e mudo exige algum requinte lógico para se expor em palavras. Para facilitar a explicação, faço aqui uma distinção entre “normas” e “princípios” – longinquamente inspirada na de Kant e Max Scheler entre ética material e formal, mas sem o mínimo compromisso com a filosofia moral de um ou do outro. Todo sistema moral compõe-se das duas coisas. Normas específicas ordenam ou proíbem um determinado tipo de conduta concreta: não mate, não roube, ajude os órfãos e as viúvas, etc. Quando a ordem não se expressa por um imperativo concreto, mas por uma relação abstrata de proporcionalidade, como numa equação do tipo a/b = x/y, então já não se trata de uma conduta em especial, mas de um princípio que deve ser seguido em todas as condutas, em todas as situações da vida.

As normas específicas, para ser obedecidas, requerem distinções e ressalvas que, partindo da sua formulação geral tipológica, as adaptem sabiamente à situação particular do momento. “Não matarás”, decerto, mas quem se recuse a fazê-lo na guerra ou em defesa do inocente ameaçado pode arcar com a culpa de expor os outros à morte, por omissão. “Não roubarás”, é claro, mas quem tem o direito de se recusar a fazê-lo quando o único meio de transportar um ferido ao hospital é o carro que um proprietário desconhecido esqueceu com a chave na ignição? “Não prestarás falso testemunho”, mas isto não quer dizer que você esteja obrigado a dizer a verdade quando um assaltante lhe pergunta onde o seu patrão guarda o dinheiro, ou quando um truculento comissário do povo lhe pergunta onde a sua aldeia escondeu a colheita. Tendo validade tipológica absoluta, as normas são de aplicação eminentemente relativa: relativa à situação, às intenções, ao caráter das pessoas envolvidas, à interferência de fatores culturais, psicológicos e psicopatológicos altamente complexos, etc. etc. etc. Permanentes na sua obrigatoriedade geral, requerem uma interpretação particular, diferente em cada caso e circunstância. Muitas vezes, pessoas de bem fazem o mal, não porque desejem conscientemente violar a regra moral, mas porque erram na sua interpretação particular.

Por isso mesmo, Deus não nos forneceu só regras de conduta, mas também os princípios gerais que devem nortear a sua interpretação. Esses princípios, por serem formais como equações e não se referirem a nenhuma situação concreta, são de validade absoluta e incondicional em todas as situações e servem de pedra-de-toque para aferir a interpretação que damos às normas concretas. Nos Dez Mandamentos, essa distinção é clara. Quando alguém lhe pergunta qual o mínimo necessário para entrar no céu, Jesus responde: “Amarás o teu Deus acima de todas as coisas e amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Os Dez Mandamentos compõem-se portanto de dois princípios e oito regras. Os princípios são as chaves que determinam o sentido das regras em cada caso. Se um sujeito comete adultério, ele infringe uma regra, mas, se você o aponta à execração nas ruas em vez de perdoá-lo e aconselhá-lo em particular como esperaria que fizessem com você caso o pecado fosse seu, você peca muito mais que o adúltero, pois viola um princípio. Deus perdoa os adúlteros, os mentirosos, os ladrões e até os assassinos, mas não perdoa quem não perdoa. Posso estar enganado, mas suspeito que no inferno há menos adúlteros do que cônjuges virtuosos que lhes negaram o perdão.

Ao longo da Bíblia encontram-se muitos princípios formais secundários, derivados dos dois primeiros. São autênticos mapas da mina para a alma atormentada que, nas complexidades da existência, quer fazer o certo mas não sabe o que é o certo. Um desses princípios – o mais freqüentemente esquecido, pelas minhas contas – foi enunciado por S. Paulo Apóstolo: “Experimentai de tudo e ficai com o que é bom.” Não me canso de meditar essa sentença, e as profundidades que nela encontro preencheriam muitos livros, se eu fosse capaz de escrevê-los.

Vejam. São Paulo, ao longo de suas cartas, enunciou muitas regras de conduta, mais pormenorizadas do que aquelas contidas nos Dez Mandamentos. Se você lê essas regras, já sabe portanto o que, segundo o ensinamento do Apóstolo, é bom e é mau. Para que, então, a necessidade de “experimentar”? A distinção mesma entre princípios e regras contém implicitamente a resposta. Para que você evite uma conduta má, não basta saber que, tipologicamente, isto é, genericamente, ela está enquadrada na classificação de “má”. A conduta humana não se dirige por abstrações, mas pela percepção direta e sensível das situações. É preciso que você “veja” com seus próprios olhos o mal e o bem. Seres humanos não aprendem só por ouvir dizer – mesmo que a Palavra ouvida seja a de Deus: eles aprendem pela experiência, pela demorada, trabalhosa e dolorosa distinção entre o bem e o mal não em definições gerais simples, mas em situações alucinantemente complexas e ambíguas da vida real. O símbolo do pão, na Eucaristia, significa as virtudes morais, práticas, assim como o vinho significa as virtudes espirituais, de ordem puramente interior. “Comerás o teu pão com o suor do teu rosto” quer dizer exatamente isso: o pouco de bom que possa haver em nós virá misturado ao mal, e terá de ser separado dele aos poucos, através da experiência, da tentativa e do erro, como numa longa decantação alquímica. Deus pode, é claro, preservar você deste ou daquele pecado por um ato da Graça, mas Ele não está obrigado a fazer isso, muito menos a imunizá-lo de antemão contra todos os pecados possíveis. Ademais, que graça maior você pode receber de Deus além da Sua promessa de justificar os erros tão logo, no caminho da experiência, eles sejam francamente admitidos como tais?

Se o Apóstolo distingue entre a experiência e sua conclusão seletiva, ele subentende que nem tudo o que for experimentado será bom, mas que tudo deve ser experimentado sempre em vista do aprendizado e do bem, não do vulgar desejo de experimentar por experimentar, nem de uma dúvida forçada, artificiosa. Platão dizia que “verdade conhecida é verdade obedecida”. Tão logo você enxergou nitidamente que certa conduta é má, tem de evitá-la por todos os meios. Até lá, tem uma certa margem de erro justificado, como exigência inerente à própria noção de aprendizado, com a condição de confessar o erro tão logo o tenha percebido como tal e de não teimar nele depois disso. Quando você descobriu o que é bom, não o largue por dinheiro nenhum deste mundo.

Eu, que sou burro e não presto, e além disso sou relapso e preguiçoso, enxerguei um pedacinho muito pequenininho do bem, que comparado à minha ilustre pessoa é do tamanho do infinito. Enxerguei-o graças ao conselho paulino. Daí advém a parte estável e séria da minha alma, parte miúda mas muito melhor que o conjunto dela, o qual espero ir melhorando aos poucos até o último dia, conforme outros bens vão rebrilhando aqui e ali entre as obscuridades da minha mente. Vou por partes, decerto. Sou paciente e tolerante comigo mesmo enquanto estou na confusão e na dúvida, mas, tão logo vejo as coisas com claridade, não dou mais moleza ao meu mesquinho ser. Passo num instante dos auto-afagos à palmatória.
Não conheço outro método, nem recomendo este a quem saiba de outro melhor. Aos demais, digo com o Apóstolo: Experimentem.

Primeiros Passos - Parte 2

Dando sequência às dicas para desenvolver a inteligência e ampliar o conhecimento, estou relacionando mais alguns conteúdos que podem ajudar no início da jornada em busca da Verdade. Como eu já disse na postagem anterior, não se trata de "ensinar" nada, apenas de compartilhar e ordenar informações de qualidade. Como acredito que o conhecimento é como um edifício que precisa de estruturas para se sustentar, colquei uma certa ordem para facilitar a "construção". Por isso, é importante seguir a ordem das postagens e é necessária muita dedicação. Espero ajudar. Comigo, ao menos, tem funcionado.

1 - Leia Confissões, de Santo Agostinho
A confissão perante um juiz onisciente é a mais eficiente técnica de autoconhecimento que eu conheço e deve ser por isso que ela está presente na vida de muitos sábios desde os primórdios do Cristianismo. Mais do que contar sua história ao analista, quando você mergulha nos seus atos, palavras e pensamentos diante de alguém que sabe exatamente o que você fez, sua vida deixa de ser um emaranhado de fatos desconexos e começa a mostrar uma unidade na forma e no conteúdo das experiências e nas imaginações. Esta unidade que vai se formando com lembrnças e descobertas é extremamente necessária para que a aquisição de novos conhecimentos se incorpore à sua personalidade. Além de funcionar como uma eficiente psicanálise ao rastrear sua real existência, a confissão traz a vantagem de aprender sobre si mesmo, já que o único juiz onisciente é Deus, e Ele sabe mais de você do que você mesmo.

O livro Confissões de Santo Agostinho é uma das poucas obras filosóficas completas. Ele encerra em suas páginas toda uma forma de pensar e agir, toda prática filosófica de um dos mais inteligentes autores da história. Após uma leitura comprometida e atenta, Confissões pode mudar sua vida! Link para baixar o livro

2 - Leia Inteligência e Verdade, de Olavo de Carvalho
Inteligência, no sentido em que aqui emprego a palavra, no sentido que tem etimologicamente e no sentido em que se usava no tempo em que as palavras tinham sentido, não quer dizer a habilidade de resolver problemas, a habilidade matemática, a imaginação visual, a aptidão musical ou qualquer outro tipo de habilidade em especial. Quer dizer, da maneira mais geral e abrangente, a capacidade de apreender a verdade. A inteligência não consiste nem mesmo em pensar. Quando pensamos, mas o nosso pensamento não capta propriamente o que é verdade naquilo que pensa, então o que está em ação nesse pensar não é propriamente a inteligência, no rigor do termo, mas apenas o desejo frustrado de inteligir ou mesmo o puro automatismo de um pensar ininteligente. O pensar e o inteligir são atividades completamente distintas. A prova disto é que muitas vezes você pensa, pensa, e não intelige nada, e outras vezes intelige sem ter pensado, numa súbita fulguração intuitiva. Link para o artigo completo

3 - Leia O Ofício do Sábio, de São Tomás de Aquino
O uso comum que, no entender do Filósofo (Aristóteles), deve ser seguido quando se trata de dar nome às coisas (Tópicos, II, 1, 5), manda que se chamem sábios aqueles que organizam diretamente as coisas e presidem ao seu reto governo. Entre outras idéias, o Filósofo afirma que "o ofício do sábio é colocar ordem nas coisas" (I Metafísica, II, 3). Ora, todos quantos têm o ofício de ordenar as coisas em função de uma meta devem haurir desta meta a regra do seu governo e da ordem que criam, uma vez que todo ser só ocupa o seu devido lugar quando é devidamente ordenado ao seu fim, já que o fim constitui o bem de todas as coisas. Link para o artigo completo

4 - Leia O Abandono dos Ideais, de Olavo de Carvalho
Quando as palavras saem da moda, as coisas que elas designam ficam boiando no abismo dos mistérios sem nome; e como tudo o que é misterioso e inexprimível oprime e atemoriza o coração humano com uma sensação de cerceamento e impotência, é natural que a atenção acabe por se desviar desses tópicos nebulosos e constrangedores. Pois o que desaparece do vocabulário logo acaba por desaparecer da consciência: o que não tem nome não é pensável, o que não é pensável não existe — tal é a metafísica dos avestruzes. Só que a coisa desprovida do direito à existência continua a existir numa espécie de extramundo, inominada e inominável, tanto mais ativa quanto mais secreta, tanto mais temível quanto mais envolta nas pompas tenebrosas do nada. A restrição do vocabulário povoa o mundo de temores e presságios. Link para o artigo completo

5 - Leia o diálogo Fédon (Da Alma) - De Platão
Porém devemos, senhores, considerar também o seguinte: se a alma for imortal, exigirá cuidados de nossa parte não apenas nesta porção do tempo que denominamos vida, senão ao longo de todo o tempo, parecendo que se expõe a um grande perigo quem não atender esse aspecto da questão. Pois se a morte fosse o fim de tudo, que imensa vantagem não seria para os desonestos, com a morte livrarem-se do corpo e da ruindade muito própria juntamente com a alma? Agora, porém, que se nos revelou imortal, não resta à alma outra possibilidade, se não for tornar-se, quanto possível, melhor e mais sensata. Link para baixar o livro

Primeiros Passos - Parte 1

Nesta e nas próximas postagens tentarei indicar um caminho para adquirir conhecimento, inteligência e sabedoria. Sei que não existe fórmula para esta busca eterna e cheia de obstáculos; sei também que só pequenas "doses" de sabedoria são abarcáveis pela mente humana, e com muita dedicação. Os passos que pretendo indicar, no entanto, devem ajudar ao menos para diminuir a influência que a burrice da cultura contemporânea exerce na nossa vida. Se até eu deixei de ser tão burro, deve funcionar com pessoas mais inteligentes.

Como ler a Bíblia?
A leitura da Bíblia pode abrir um horizonte inimaginável de conhecimento. A sabedoria contida nestes livros age de forma incompreensível na nossa mente, na nossa alma. Não é por outro motivo que vários gênios da humanidade dedicaram tanto tempo ao estudo das Escrituras Sagradas, entre eles Leibniz, Newton, Tesla e muitos outros.

Seria muita prepotência querer "ensinar" a ler a Palavra de Deus, mas ao menos pra mim, um método tem apresentado resultados incríveis:

1 - Leia o Novo Testamento
A vida de Jesus Cristo é, sem dúvida, o acontecimento mais importante de toda história da humandade. Suas palavras devem ensinar, confortar e nortear a nossa busca pelo conhecimento. Leia primeiro os 4 Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), depois leia o restante do Novo Testamento (Atos dos Apóstolos, Epístolas e Apocalipse) sem pressa e com toda sua atenção, todo seu comprometimento, como quem ouve a própria Sabedoria. Após a leitura completa e na ordem, diariamente escolha (mesmo que aleatoriamente) um tema ou uma passagem, encontre neste trecho o que lhe parece mais importante e fique com ele na mente até que a Providência resolva suas dúvidas e aprofunde sua compreensão.

Link para baixar o Novo Testamento - King James - Edição de Estudo - em pdf

2 - Leia o Velho Testamento
A Lei, a história, a tradição e o legado da civilização judaica devem ser lidos sob a ótica do Messias, portanto, do Novo Testamento. Comece lendo o Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), depois os Livros Históricos, Sapienciais e Proféticos. A riqueza das histórias do Antigo Testamento, que contém todas as possibilidades humanas, certamente vai enriquecer sua capacidade imaginativa e, portanto, sua inteligência.

Link para baixar o Antigo Testamento - Almeida Revista e Corrigida - em pdf

Imortalidade da Alma - Sócrates

No diálogo Fédon (Da Alma), Platão descreve os pensamentos de seu mestre, Sócrates, a respeito da Imortalidade da Alma. Seguem dois pequenos trechos selecionados e mais abaixo o link para fazer o download do livro completo.

...

"Porém devemos, senhores, considerar também o seguinte: se a alma for imortal, exigirá cuidados de nossa parte não apenas nesta porção do tempo que denominamos vida, senão ao longo de todo o tempo, parecendo que se expõe a um grande perigo quem não atender esse aspecto da questão. Pois se a morte fosse o fim de tudo, que imensa vantagem não seria para os desonestos, com a morte livrarem-se do corpo e da ruindade muito própria juntamente com a alma? Agora, porém, que se nos revelou imortal, não resta à alma outra possibilidade, se não for tornar-se, quanto possível, melhor e mais sensata."

(...)

"Precisamos tudo fazer para em vida adquirir virtude e sabedoria, pois bela é a recompensa e infinitamente grande a esperança. Afirmar, de modo positivo, que tudo seja como acabei de expor, não é próprio de homem sensato; mas que deve ser assim mesmo ou quase assim no que diz respeito a nossas almas e suas moradas, sendo a alma imortal como se nos revelou, é proposição que me parece digna de fé e muito própria para recompensar-nos do risco em que incorremos por aceitá-la como tal. É um belo risco, eis o que precisamos dizer a nós mesmos à guisa da fórmula de encantamento. Essa é a razão de me ter alongado neste mito. Confiado nele; é que pode tranqüilizar-se com relação a sua alma o homem que passou a vida sem dar o menor apreço aos prazeres do corpo e aos cuidados especiais que este requer, por considerá-los estranhos a si mesmo e capazes de produzir, justamente, o efeito oposto. Todo entregue aos deleites da instrução, com os quais adornava a alma, não como se o fizesse com algo estranho a ela, porém como jóias da mais feliz indicação: comedimento, justiça, coragem, nobreza e verdade, espera o momento de partir para o Hades quando o destino o convocar. Vós também, Símias e Cebes, acrescentou, e todos os outros, tereis de fazer mais tarde essa viagem, cada um no seu tempo. A mim, porém, para falar como herói trágico, agora mesmo chama-me o destino. Mas esta quase na hora de tomar o banho. Acho melhor fazer isso antes de beber o veneno, para não dar às mulheres o trabalho de lavar o cadáver."

Fédon - Da Alma - Platão (link para download do livro em pdf)

História de quinze séculos - Olavo de Carvalho

Este é um artigo do Olavo de Carvalho publicado no Jornal da Tarde em junho de 2004. Uma aula de História que ajuda a compreender melhor o panorama político internacional.

...
 
Desmantelado o Império, as igrejas disseminadas pelo território tornaram-se os sucedâneos da esfrangalhada administração romana. Na confusão geral, enquanto as formas de uma nova época mal se deixavam vislumbrar entre as névoas do provisório, os padres tornaram-se cartorários, ouvidores e alcaides. As sementes da futura aristocracia européia germinaram no campo de batalha, na luta contra o invasor bárbaro. Em cada vila e paróquia, os líderes comunitários que se destacaram no esforço de defesa foram premiados pelo povo com terras, animais e moedas, pela Igreja com títulos de nobreza e a unção legitimadora da sua autoridade. Tornaram-se grandes fazendeiros, e condes, e duques, e príncipes, e reis.

A propriedade agrária não foi nunca o fundamento nem a origem, mas o fruto do seu poder. Poder militar. Poder de uma casta feroz e altiva, enriquecida pela espada e não pelo arado, ciosa de não se misturar às outras, de não se dedicar portanto nem ao cultivo da inteligência, bom somente para padres e mulheres, nem ao da terra, incumbência de servos e arrendatários, nem ao dos negócios, ocupação de burgueses e judeus.

Durante mais de um milênio governou a Europa pela força das armas, apoiada no tripé da legitimação eclesiástica e cultural, da obediência popular traduzida em trabalho e impostos, do suporte financeiro obtido ou extorquido aos comerciantes e banqueiros nas horas de crise e guerra.
Sua ascensão culmina e seu declínio começa com a fundação das monarquias absolutistas e o advento do Estado nacional. Culmina porque essas novas formações encarnam o poder da casta guerreira em estado puro, fonte de si mesmo por delegação direta de Deus, sem a intermediação do sacerdócio, reduzido à condição subalterna de cúmplice forçado e recalcitrante. Mas já é o começo do declínio, porque o monarca absoluto, vindo da aristocracia, dela se destaca e tem de buscar contra ela -- e contra a Igreja -- o apoio do Terceiro Estado, o qual com isso acaba por tornar-se força política independente, capaz de intimidar juntos o rei, o clero e a nobreza.

Se o sistema medieval havia durado dez séculos, o absolutismo não durou mais de três. Menos ainda durará o reinado da burguesia liberal. Um século de liberdade econômica e política é suficiente para tornar alguns capitalistas tão formidavelmente ricos que eles já não querem submeter-se às veleidades do mercado que os enriqueceu. Querem controlá-lo, e os instrumentos para isso são três: o domínio do Estado, para a implantação das políticas estatistas necessárias à eternização do oligopólio; o estímulo aos movimentos socialistas e comunistas que invariavelmente favorecem o crescimento do poder estatal; e a arregimentação de um exército de intelectuais que preparem a opinião pública para dizer adeus às liberdades burguesas e entrar alegremente num mundo de repressão onipresente e obsediante (estendendo-se até aos últimos detalhe da vida privada e da linguagem cotidiana), apresentado como um paraíso adornado ao mesmo tempo com a abundância do capitalismo e a “justiça social” do comunismo. Nesse novo mundo, a liberdade econômica indispensável ao funcionamento do sistema é preservada na estrita medida necessária para que possa subsidiar a extinção da liberdade nos domínios político, social, moral, educacional, cultural e religioso.

Com isso, os megacapitalistas mudam a base mesma do seu poder. Já não se apóiam na riqueza enquanto tal, mas no controle do processo político-social. Controle que, libertando-os da exposição aventurosa às flutuações do mercado, faz deles um poder dinástico durável, uma neo-aristocracia capaz de atravessar incólume as variações da fortuna e a sucessão das gerações, abrigada no castelo-forte do Estado e dos organismos internacionais. Já não são megacapitalistas: são metacapitalistas – a classe que transcendeu o capitalismo e o transformou no único socialismo que algum dia existiu ou existirá: o socialismo dos grão-senhores e dos engenheiros sociais a seu serviço.

Essa nova aristocracia não nasce, como a anterior, do heroísmo militar premiado pelo povo e abençoado pela Igreja. Nasce da premeditação maquiavélica fundada no interesse próprio e, através de um clero postiço de intelectuais subsidiados, se abençoa a si mesma.
Resta saber que tipo de sociedade essa aristocracia auto-inventada poderá criar – e quanto tempo uma estrutura tão obviamente baseada na mentira poderá durar.

Fonte: http://www.olavodecarvalho.org/semana/040617jt.htm

Os Porcos - George Orwell

Porcos, sempre eles
Este é o começo do Capítulo VIII da Revolução dos Bichos (Animal Farm) do escritor George Orwell (1903-1950), um livro obrigatório para entender o nosso tempo.

Poucos dias mais tarde, quando já amainara o terror causado pelas execuções, alguns animais lembraram-se - ou julgaram lembrar-se - de que o Sexto Mandamento rezava: "Nenhum animal matará outro animal." Embora ninguém o mencionasse ao alcance dos ouvidos dos porcos ou dos cachorros, parecia-lhes que a matança ocorrida não se ajustava muito bem com isso. Quitéria pediu a Benjamim que lesse o Sexto Mandamento e quando Benjamim, como sempre, respondeu que se recusava a envolver-se em tais assuntos, procurou Maricota. Esta leu para ela o Sexto Mandamento. Dizia: "Nenhum animal matará outro animal, sem motivo." De uma ou outra maneira, as duas últimas palavras haviam escapado à memória dos bichos. Mas estes viam agora que o Sexto Mandamento não fora violado; sim, pois, evidentemente, havia boas razões para matar os traidores que se haviam aliado a Bola-de-Neve.

Durante aquele ano, os bichos trabalharam ainda mais que no ano anterior. A reconstrução do moinho de vento, as paredes com o dobro de espessura, sua conclusão no prazo marcado, juntamente com o trabalho normal da granja, era tudo tremendamente laborioso. Momentos houve em que lhes pareceu que estavam trabalhando mais do que no tempo de Jones, sem se alimentarem melhor. Nos domingos de manhã, Garganta, segurando uma comprida folha de papel, lia, para eles relações de estatísticas comprobatórias de que a produção de todas as classes de gêneros alimentícios aumentara de duzentos, trezentos ou quinhentos por cento, conforme o caso. Os bichos não viam razão para desacreditá-lo, especialmente porque já não conseguiam lembrar-se com clareza das exatas condições de antes da Revolução. Mesmo assim, dias havia em que prefeririam ter menos estatísticas e mais comida. Todas as ordens, agora, eram transmitidas por meio de Garganta ou de outro porco. Napoleão não era visto em público mais do que uma vez cada quinze dias. E, quando aparecia, era acompanhado, não só pela sua matilha de cães, mas também por um garnisé preto que marchava à sua frente, atuando como arauto, soltando um cocoricó antes de cada fala de Napoleão. Mesmo na casa grande, diziam, ele habitava um apartamento separado dos demais. Fazia as refeições sozinho, com dois cachorros para servi-lo, e comia no serviço de jantar de porcelana da cristaleira da sala. Anunciou-se também que a espingarda seria disparada anualmente na data do aniversário de Napoleão, assim como nos outros dois aniversários.



Agora já não mencionavam Napoleão como "Napoleão" simplesmente. Referiam-se a ele de maneira formal, como "nosso Líder, o Camarada Napoleão", e os porcos gostavam de inventar para ele títulos tais como Pai de Todos os Bichos, Terror da Humanidade, Protetor dos Apriscos, Amigo dos Pintainhos e assim por diante. Garganta, em seus discursos, com lágrimas rolando pelo focinho, falava na sabedoria de Napoleão, na bondade de seu coração, no profundo amor que devotava aos animais de todos os lugares, mesmo - e especialmente - aos infelizes animais que ainda viviam na ignorância e na escravidão, em outras granjas. Tomara-se usual atribuir a Napoleão o crédito de todos os êxitos e de todos os golpes de sorte. Ouvia-se, freqüentemente, uma galinha comentar para outra: "Sob a orientação de nosso Líder, o Camarada Napoleão, pus cinco ovos em seis dias"; ou duas vacas, bebendo juntas no açude, exclamarem: "Graças à liderança do Camarada Napoleão, que gosto bom tem esta água!" O sentimento geral da granja era bem expresso num poema intitulado "O Camarada Napoleão", composto por Mínimo, que era assim:

Amigo dos órfãos!
Fonte da Felicidade! Senhor do balde de lavagem! Oh, minh'alma arde
Em fogo quando eu te vejo
Assim, calmo e soberano,
Como o sol na imensidão,
Camarada Napoleão!
Tu és aquele que tudo dá, tudo
Quanto as pobres criaturas amam.
Barriga cheia duas vezes por dia, palha limpa onde rolar;
Todos os bichos, grandes, pequenos,
Dormem tranqüilos, enquanto
Tu zelas por nós na solidão,
Camarada Napoleão!
Tivesse eu um leitão e
Antes mesmo que atingisse
O tamanho de um garrafão ou de um barril
Já teria aprendido a ser, eternamente,
Um teu fiel e leal seguidor. E o primeiro
Guincho que daria meu leitão. seria:
"Camarada Napoleão!"

Napoleão aprovou esse poema e mandou escrevê-lo no grande celeiro, na parede oposta àquela onde estavam os Sete Mandamentos. Sobre ele foi colocado um retrato de Napoleão de perfil, feito por Garganta. Enquanto isso, por intermédio de Whymper, Napoleão envolvera-se em negociações complicadíssimas com Frederick e Pilkington. As pilhas de madeira ainda não estavam vendidas. Dentre os dois, Frederick era o mais ansioso por colocar-lhes a mão, mas não oferecia um preço razoável. Ao mesmo tempo circulavam renovados boatos de que Frederick e seus homens estavam planejando atacar a Granja dos Bichos e destruir o moinho de vento, cuja construção lhe causara enorme ciúme. Sabia-se que Bola-de-Neve ainda estava oculto na Granja Pinchfield. Em meio ao verão correu entre os animais a notícia alarmante de que três galinhas se haviam apresentado confessando que, instigadas por Bola-de-Neve, haviam conspirado para assassinar Napoleão. Foram executadas imediatamente e se tomaram novas medidas para a segurança de Napoleão. Quatro cachorros passaram a montar guarda junto à sua cama, durante a noite, um em cada canto, e um jovem porco de nome Rosito recebeu a tarefa de provar a comida, para evitar que ele fosse envenenado.

Mais ou menos por essa época, foi anunciado que Napoleão acertara vender as pilhas de madeira ao Sr. Pilkington; ia assinar também um acordo regular para a troca de certos produtos entre a Granja dos Bichos e Foxwood.

As relações entre Napoleão e Pilkington, embora mantidas apenas por intermédio de Whymper, eram agora quase amistosas. Os bichos não confiavam em Pilkington, ser humano que era, mas preferiam-no a Frederick, a quem tanto temiam quanto odiavam. Com o passar do verão e estando o moinho de vento perto da conclusão, os boatos de um iminente e traiçoeiro ataque tornavam-se cada vez mais fortes. Frederick, dizia-se, tencionava trazer contra eles vinte homens armados de espingardas e já subornara os magistrados e a polícia, de forma que, se conseguissem colocar as mãos nas escrituras de propriedade da Granja dos Bichos, não surgisse problema algum. Além disso, filtravam-se de Pinchfield terríveis histórias a respeito das barbaridades a que Frederick submetia seus animais. Havia chicoteado um cavalo velho até liquidá-lo, matava as vacas de fome, assassinara um cachorro jogando-o numa fornalha, divertia-se de noite assistindo a brigas de galos, em cujas esporas colocava pedaços de lâminas de barbear.

O sangue dos animais fervia de ódio quando ouviam contar o que se fazia contra seus camaradas e, às  vezes, alguns pediam que lhes fosse permitido sair para atacar Pinchfield, expulsar os humanos e libertar os bichos. Porém, Garganta aconselhava-os a evitar essas atitudes violentas e a confiar na estratégia do Camarada Napoleão. - Não obstante, crescia o sentimento de ódio com relação a Frederick. Certo domingo de manhã, Napoleão apareceu no celeiro e declarou que jamais, em tempo algum, admitiria vender as pilhas de madeira a Frederick; considerava abaixo de sua dignidade, disse, fazer negócios com patifes daquela espécie. Os pombos, que continuavam a espalhar as mensagens da Revolução, foram proibidos de pôr os pés em qualquer ponto de Foxwood e receberam ordem de modificar seu slogan de "Morte à Humanidade" para "Morte a Frederick". Entrementes, no fim do verão, foi revelada outra das maquinações de Bola-de-Neve.

A lavoura de trigo estava cheia de joio e descobriu-se que Bola-de-Neve havia misturado sementes de joio às do trigo. Um ganso que tomara parte no feito confessou sua culpa a Garganta e suicidou-se comendo frutinhas de erva-moura. Os animais ficaram sabendo também que Bola-de-Neve jamais havia recebido, como pensavam muitos até então, a comenda de "Herói Animal, Primeira Classe". Era apenas uma lenda, criada algum tempo depois da Batalha do Estábulo pelo próprio Bola-de-Neve. Muito ao contrário, em vez de condecorado, ele for a repreendido por demonstrar covardia durante a batalha. Novamente, alguns bichos ouviram isso com perplexidade, mas Garganta conseguiu convencê-los de que fora um lapso de suas memórias. . .

George Orwell - A Revolução dos Bichos - Capítulo VIII
.

Sobre a Nova Ordem Mundial


A maldita idéia de um governo mundial é bem velha. Praticamente todos os grandes líderes desde Sargão da Acádia (século XXIII aC.) pensaram nesta hipótese. Com a chegada da modernidade e dos “iluminados” o que era idéia se tornou um plano muito bem arquitetado, que vem sendo implantado antes mesmo do início do século XX. Não é preciso ser muito esperto para perceber que o plano tem obtido um sucesso espetacular, principalmente na última década.
As evidências são muitas, as fontes estão à disposição, mas por ignorância ou interesse, acadêmicos e jornalistas preferem fugir das suas responsabilidades e acusar de teóricos da conspiração todo aquele que demonstra o real estado das coisas.
A situação atual é bem complexa, e como a grande imprensa ignora todos aspectos desta marcha rumo ao totalitarismo mundial, entender o que está acontecendo requer um pouco de cuidado, principalmente para separar o joio do trigo. Como estamos falando de um plano que vem sendo estruturado há muitas décadas e que se apresenta em diversas frentes, muitas vezes inconciliáveis e aparentemente contraditórias, fica difícil  abarcar todas as informações e elencar as possíveis relações.
Entrando de fato no assunto, e resumindo bastante esta primeira abordagem, existem hoje ao menos três tentativas de dominação global concorrendo simultâneamente, e todas elas têm um objetivo comum: destruir a civilização ocidental para, em seguida, implantar uma ditadura planetária sem precendentes.
A dificuldade de uma compreensão mais profunda acontece porque as três estratégias muitas vezes são contraditórias, mas um bom observador vai perceber que quando se trata de destruir os valores do Ocidente, elas são quase siamesas.
Para tentar ajudar quem pretende entender o miserável futuro que nos espera, estou disponibilizando um pouco do conteúdo que julgo necessário para pelo menos compreender o que está acontecendo.
Os Globalistas
A face mais conhecida daquilo que chamamos de Nova Ordem Mundial pode ser identificada nos movimentos globalistas, financiados pelos grandes banqueiros internacionais, suas corporações e suas organizações, entre elas a ONU, o Federal Reserve, a Comissão Trilateral, o Diálogo Interamericano, o CFR, o Clube Bilderberg, o Clube de Roma e muitas outras.
Movimento Comunista Intenacional
Liderados por Rússia e China, o velho comunismo está enraizando sua ideologia coletivista e destruindo a responsabilidade individual que estruturou a sociedade ocidental. Sob a nova alcunha de Eurasianismo, os maníacos seguidores de Marx, Lenin, Stalin, Pol Pot, Chavez, Fidel e Mao Tse Tung tentam recontar a história deixando de lado os mais de 100 milhões de mortes que suas idéias assassinas já provocaram.
Islamismo
Segundo os seguidores de Mohammed, o Islã só estará completo quando o último homem da Terra for convertido. Assim como os comunistas, ativistas islâmicos espalhados por todo o planeta contam (ao menos por enquanto) com o dinheiro fácil dos banqueiros globalistas.
Basta um pouco de análise para perceber que alguns fatores dificultam a implantação das 3 estratégias e, portanto, devem ser destruídos pelos megalomaníacos :
Cristianismo
A religião que acabou com a escravidão e defende a igualdade entre todos os homens impede que algum líder seja idolatrado.
Soberanias Nacionais
Com a Europa domada pela União Européia, restam apenas duas soberanias que ainda resistem (até quando?) aos encantos do governo global: Israel e EUA.
Sempre com o intuito de gerar o caos no Ocidente, de onde uma nova ordem emergirá, outros itens que as estratégias privilegiaram nos últimos anos foi a imbecilização dos jovens, a destruição da instituição da família, a banalização da vida humana, o apego à matéria e o ateísmo.
Para se aprofundar nestas questões, que hoje deveriam ocupar o tempo de nossos intelectuais e, principalmente, da imprensa, seguem abaixo alguns links muito interessantes:
3) Livros indicados sobre a Nova Ordem Mundial:
Daniel Estulin: A Verdadeira História do Clube Bilderberg
Heitor de Paola - O Eixo do Mal Latino-Americano e a Nova Ordem Mundial

 H. G. Wells: The open conspiracy
Carroll Quigley: Tragedy and hope: A history of the world in our time
G. Edward Griffin: The fearful master: A second look at the United Nations
Stanley Monteith: Brotherhood of darkness
Cliff Kincaid: Global bondage: The U.N. plan to rule the world
Cliff Kincaid: Global taxes for world government
E. Michael Jones: Libido dominandi: sexual liberation and political control
Paul Kramer: The devils final battle
Paul Collins and Phillip Collins: The ascendancy of the scientific dictatorship
Hervé Ryssen: Les Espérances planétariennes
Ted Flynn: Hope of the wicked: The master plan to rule the world
Lee Penn: False dawn: The United Religions Initiative, globalism, and the quest for a one-world religion
Com o tempo pretendo colocar mais informações, mais livros, documentários e sites. Boa sorte. E que Deus nos proteja do futuro que nos espera.

O Autodidata


Com a qualidade do ensino caindo mais e mais a cada dia, tornar-se um estudante autodidata é uma alternativa não apenas mais barata, mas também mais honesta com suas faculdades intelectuais. A decadência das instituições de ensino e do nível dos professores praticamente obriga o estudante sério e buscar soluções fora da educação formal.  
Criei o blog Ordem Natural com a intenção de facilitar a vida dos estudantes autodidatas, fornecendo material de qualidade e seguindo o caminho que venho trilhando há alguns anos. Sei que não existe uma fórmula infalível para o aprendizado, mas acredito que, se está funcionando comigo, deve funcionar com pessoas mais inteligentes.
Se você está procurando estudar algum assunto do seu interesse, por conta própria, acompanhe os materiais que estou postando diariamente. Para começar:
Requisitos imprescindíveis para o estudante autodidata:
1 – Vontade
2 – Objetivo
3 – Disciplina
4 – Paciência

As Categorias de Aristóteles


1ª página das Categorias de Aristóteles
O mundo está cada dia mais burro e a burrice, aliada à arrogância comum dos ignorantes modernos, está se tornando imoral e danosa à sociedade como um todo. A enorme dificuldade que encontramos hoje para debater qualquer assunto está relacionada a uma profunda ignorância sobre as categorias das "coisas". Sem esse conhecimento, são comparadas coisas de categorias diferentes e refutadas questões que nem sequer foram colocadas. Este triste estado de coisas é o resultado do Politicamente Correto, a praga que se alastrou por toda cultura ocidental nas últimas décadas e está destruindo a capcidade analítica das pessoas.

Tenho encontrado dificuldade até mesmo para expor os argumentos, pois os "debatedores" não conseguem identificar a diferença entre os conceitos e nem percebem mais os absurdos que estão dizendo. Por essas e outras, a leitura das Categorias, o primeiro livro do Organon (conjunto de textos lógicos do filósofo estagirita) é condição sine qua non para quem pretende debater com o objetivo de encontrar a verdade.

Seguem abaixo as palavras do próprio Aristóteles:

"As palavras sem combinação umas com as outras significam por si mesmas uma das seguintes coisas: o que (substância), o quanto (quantidade), o como (qualidade), com o que se relaciona (relação), onde está (lugar), quando (tempo), como está (estado), em que circunstância (hábito), atividade (ação) e passividade (paixâo). Dizendo de modo elementar, são exemplos de substância, homem, cavalo; de quantidade, de dois côvados de largura, ou de três côvados de largura; de qualidade, branco, gramatical; de relação, dobro, metade, maior; de lugar, no Liceu, no Mercado; de tempo, ontem, o ano passado; de estado, deitado, sentado; de hábito, calçado, armado; de ação, corta, queima; de paixão, é cortado, é queimado."

5 Dicas para os estudantes - Olavo de Carvalho

Não adianta estudar muito. Aristóteles dizia que a inteligência deve ser exercitada com moderação e constância. O truque é:

1) Estudar todo dia um pouco.

2) Não estudar nada sem um interesse total e absorvente.

3) Ler devagar, com lápis na mão, e não deixar passar uma palavra desconhecida, uma frase mal compreendida.

4) Ler somente os livros essenciais de cada área, sem perder tempo com obras de interesse periférico.

5) Domine pelo menos três idiomas (ler e escrever - conversação é para turista).

Visite o site do Filósofo Olavo de Carvalho: AQUI